Paulo Napoli coletou vários ítens em sua jornada no rap até chegar a “Vida X Game”: rapper desde os 14 anos, começou a carreira em dupla com o DJ Nuts, que seguiu ao lado de gente como Planet Hemp, O Rappa e Otto.
A parceria nunca terminou. Neste disco, Nuts aparece como o engenheiro de som e também assina os scratches que permeiam quase todas as faixas.
Com 28 anos, Napoli foi um dos criadores da Academia Brasileira de Rimas, grupo que já contou com integrantes como Thaíde e o niteroense Marechal, e que foi um dos pioneiros da cena “rap alternativo”.
Seja nas coletâneas de revistas como Trip e 100% Skate ou colaborando em discos de artistas como Funk Como Le Gusta, Black Alien & Speed e dos próprios Thaíde e DJ Hum, Napoli deixa sua marca registrada nos ouvidos de quem recebe suas rimas.
Seu jeito único de escrever e de cantar, sua levada nas rimas ao vivo e seu fôlego agressivo já são bem conhecidos entre os iniciados no rap nacional. Mas Napoli quer pular etapas. Tem como objetivo aumentar sua pontuação e “mostrar a sua real” para outros públicos.
“Vida X Game” vem também desse universo dos computadores. Foi criado com samples de videogames de 8 bits, o que gerou uma qualidade de som bem peculiar, cujas freqüências aproximam o disco com a geração de jogadores de videogame dos anos 90, da qual Napoli também faz parte. Sozinho, ele produziu todas as faixas usando um velho PC.
“Tirei um disco inteiro do computador”, conta. Durante um ano, Napoli se afastou das outras coisas da vida para focar no seu game: deixou de lado a sua segunda profissão, o jornalismo, e se enclausurou no seu quarto-estúdio até terminar o último beat das canções que já tinha escrito.
No microfone, o rapper se define como um “fanático fonético”, e o caminho de suas letras passa longe do gangsta rap. Sem deixar de protestar, as duas últimas faixas de “Vida X Game” são uma paulada contra o sistema. Porém... Nem só de protesto vive a música de Napoli. O seu jogo passa por várias fases com cenários e enredos diferentes.
A começar pela intro, “Entro”, Napoli introduz seu game em uma poesia sobre um denso sample de videogame
“Vida X Game” apresenta o conceito do disco, que explica as dificuldades de se fazer música sozinho. Isso fica claro no refrão “Vivo, logo jogo/Jogo, logo vivo”.
“Opções” é um som mais divertido, uma crônica “hard” sobre baladas noturnas.
“Com Amor” joga três blocos de palavras, cujo sentido se amarra no refrão. Uma reflexão sobre o amor, mas não exatamente o sentimento entre duas pessoas.
Em “60 vezes Melhor”, o rapper afirma 60 vezes que ele é melhor no microfone do que fazendo qualquer outra coisa. Fica fácil de acreditar. Até porque Sabotage, que foi convidado para participar do disco antes de morrer, assina embaixo com um trecho de uma entrevista.
“Mosca Branca” toca num assunto delicado: o preconceito ao contrário por ser rapper branco e nascido fora da periferia. Mas a música não tem como objetivo nem ser um lamento nem levantar uma polêmica mais pesada.
“Zona Sul do Brasil” é uma retribuição de Napoli ao carinho que recebe de amigos e fãs no Sul do Brasil, e conta com a participação marcante do curitibano DJ Primo nos scratches.
“Engrenagem Problema”, com a rapper gaúcha Lica, do grupo La Bella Máfia
02 - Vida X Game
03 - Opções
04 - Com Amor
05 - 60 vezes melhor
06 - Mosca-Branca
07 - Zona Sul do Brasil
08 - Engrenagem Problema
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